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Se voltar ao Atelier Contencioso, tenho que me lembrar de levar umas cervejas. No quarto andar da LX Factory, quatro artistas conversam enquanto trabalham. Quem lá entra sente-se bem vindo e com vontade de ficar.
Ana Velez (Lisboa, 1982) é uma das artistas. Assim que entrei, recebi um cumprimento alegre e um 'desculpa, posso continuar a trabalhar?' retórico. Foi claro para mim que a Ana estava habituada a trabalhar com barulho e no meio de conversas paralelas, disponível para falar sem perder o foco.
A Ana (à direita) e a Maria Sassetti, uma das artistas com quem partilha o atelier, conversam a sério sem se dispersarem. Ao fundo, outros dois espaços de trabalho: da Xana Sousa e da Joana Gomes. |
'Sou muito metódica. Não, não escrevas metódica, escreve racional', diz a Ana. E o seu atelier é assim: apesar do espaço ser rotativo - quando uma das artistas precisa de uma parede grande, outra está disposta a ceder - a sua zona é muito limpa, aparentemente sem nada para ver a não ser o trabalho que desenvolve. É racional.
O seu trabalho é tão minimalista como aqueles poucos metros quadrados onde trabalha. Não se relaciona com o atelier todo, relaciona-se com o seu espaço, minúsculo em relação ao resto. |
'Gosto de mapas, gosto de ver cidades arranjadinhas. Por exemplo, Los Angeles em relação a Lisboa é tão direita' e desdobra um mapa de Los Angeles.
'Fazem-me confusão os espaços abandonados. Espaços que já foram muito importantes... As pessoas abandonam-nos porquê?', diz-me detendo-se num bocadinho de folha de outro que enrugou. É por isso que se demora em cada detalhe: presta-lhe atenção, dedica-lhe tempo e passa, vagarosamente, ao seguinte.
Aquilo que é minimalista, racional, cujo-pouco-lhe-chega-para-expressar-muito, começou quando fez erasmus em Itália. Desenhava muito, todos os dias, até que percebeu que precisava de muito pouco para os desenhos ficarem completos. E vem explorando isso desde então.
'Continuo a desenhar muito, é importante para mim. Pego no meu caderno e vou para a rua desenhar, faz-me perceber melhor o resto'. E, de repente, a conversa que tinha cirandado duas horas à volta de Los Angeles, do minimalismo do trabalho, de como chegaram à LX Factory, vira para os diários gráficos e para a atenção às medidas das coisas, que a Ana tenta reproduzir com a maior fidelidade.
Controlando absolutamente o seu trabalho, a Ana sabe o que tem em mãos. Por isso, leva-se a si e ao seu trabalho muito a sério.
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O site da Ana Velez está em construção.
Os seus trabalhos e informação mais completa sobre ela podem ser vistos no site da Miguel Justino Contemporary Art ou no Facebook da artista.
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A Percepção Requer Participação Vista da Obra na Bloco103 [Lisboa] Técnica Mista [Acrílico e Pó de Grafite] sobre Papel 113 x 300 cm 2012 |
Da Série Centro Social Vista da obra na Bloco103 [Lisboa] Técnica Mista [Acrílico e Pó de Grafite] sobre Papel 282,5 x 113 cm 2013 |
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